Usei o smartwatch no tornozelo, mas eu posso explicar
Relógio inteligente ou tornozeleira eletrônica?
Tempo de leitura: 6 min
⌚Passando apenas para compartilhar uma experiência.
🦥 resumo preguiçoso
No último final de semana, o The New York Times publicou uma matéria apontando para uma "tendência" de pessoas usando Apple Watch no tornozelo, mas será que tá certo isso aí?
Eu conversei com um médico, com as fabricantes, li materiais oficiais dos produtos e testei um Galaxy Watch no tornozelo. 🤡
Existe a chance de acharem que você está em prisão domiciliar e que isso é uma tornozeleira eletrônica.
O jornal norte-americano citou o caso de uma influencer fitness do TikTok, a Ana Espinal, que começou a usar o relógio inteligente no tornozelo por ter o pulso muito fino.
Ela contou que o aplicativo de monitoramento de saúde parava de registrar seus exercícios enquanto ela ainda os executava, o que levou à desconfiança de que isso acontecia porque o relógio ficava frouxo, sambando ali no pulso.
Julgo? Um pouco. Mas entendo a parte do pulso fino, porque eu não me sinto confortável para testar as versões Ultra dos smartwatches, já que tenho a sensação de que o sensor não está fazendo a leitura como deveria.
Mas outros relatos levantados pelo jornal apontam para pessoas que reclamam do registro impreciso na contagem de passos em situações em que os braços ficam parados, como andar enquanto empurra um carrinho de bebê.
Questões como tatuagens no pulso, que dificultam a leitura do sensor, profissionais que não podem usar relógio no trabalho, entre outras, também tentam justificar o uso.
Mas, afinal, dá certo usar relógio inteligente no tornozelo?
🍎O QUE DIZ A APPLE: “Não recomendamos o uso desta forma”. Foi isso que a Apple Brasil me respondeu em relação ao caso.
🔵O QUE DIZ A SAMSUNG: Não respondeu até o fechamento da newsletter.
COMO FUNCIONA O SENSOR DOS SMARTWATCHES?
Tanto o Galaxy Watch quanto o Apple Watch usam um sensor óptico chamado de sensor de fotopletismografia – sim, o mesmo que a Beats by Dre, subsidiária da Apple, integrou ao novíssimo Powerbeats Pro 2, anunciado ontem (11).
"Essa tecnologia, embora difícil de pronunciar, é baseada em um fato muito simples: o sangue é vermelho, pois reflete luz vermelha e absorve luz verde. O Apple Watch usa LEDs verdes associados a fotodiodos sensíveis à luz para detectar a quantidade de sangue que flui pelo pulso a qualquer momento. Quando o coração bate, o fluxo sanguíneo no pulso (e, portanto, a absorção de luz verde) é maior. Entre batimentos, o fluxo é menor. Ao piscar os LEDs centenas de vezes por segundo, o Apple Watch pode calcular o número de vezes que o coração bate a cada minuto, ou seja, sua frequência cardíaca", explica a Apple em seu site de suporte.
Já o material da Samsung indica que "isso significa que o sinal pode ser afetado pela absorção de luz pela pele, pela quantidade de sangue que flui nos vasos sanguíneos e pela contaminação do sensor".
Eu citei as tatuagens anteriormente, pois muita gente têm dúvidas em relação a isso, mas as duas empresas confirmam em documentos oficiais que algumas tatuagens podem "bloquear a luz" do sensor de frequência cardíaca, tornando "difícil obter leituras confiáveis.
Ainda tem gente que usa smartwatch no tornozelo COM MEIA. Aí tá forçando demais a amizade e o poder de leitura dos sensores, né?
Imagem: Reprodução / Hiroko Masuike - The New York Times
Os documentos de suporte da Apple e da Samsung mencionam sempre que as funções são validadas para uso no pulso, sem nenhuma menção ao tornozelo.
O MÉDICO
Bati um papo com o Doutor Celso Guerreiro Scott Savioli, que é médico especialista de otorrinolaringologia, e ele me explicou que:
Em relação aos casos citados pelo New York Times, no geral, fazem isso [usar o relógio no tornozelo] só para marcar os passos mais precisamente. A diferença nas medidas é porque a artéria radial no punho é muito mais superficial do que a artéria tibial posterior no tornozelo e o equipamento não deve ser tão potente para ler seus dados [de frequência cardíaca]".
NA PRÁTICA
Dito tudo isso, lá vou eu usar um relógio no tornozelo para ver a diferença na prática:
🚶🏽♀️➡️Contagem de passos:
Para fazer a contagem de passos, andei com o Galaxy Watch 7 e fui contando mentalmente os passos até 100. Os resultados foram os seguintes:
Relógio no pulso andando normalmente, com as mãos balançando ao lado do corpo: 98 passos
Relógio no pulso andando com as mãos apoiadas na esteira: 95 passos
Relógio na parte interna do tornozelo: 106 passos
Relógio na parte externa do tornozelo: 109 passos
FREQUÊNCIA CARDÍACA:
Pulso: 83 BPM
Tornozelo: 79 BPM
VEREDITO:
O incômodo de ter no tornozelo um produto que foi completamente desenvolvido para ser usado no pulso não vale o esforço. Sem contar que você perde as vantagens de acompanhar as informações na tela do relógio, fazer pagamentos, entre outras atividades.
Por hoje, quis apenas compartilhar este causo aleatório que viralizou pela enésima vez, já que temos uma série de registros de pessoas usando o relógio dessa forma ao longo dos anos.
Um beijo e obrigada pela companhia!