Uma experiência de imersão no Google I/O
Painel exclusivo com o CEO Sundar Pichai e papo com o VP de Android foram destaques da cobertura que fiz em 2023
Na última semana, fui até Mountain View, na Califórnia, a convite do Google para conhecer de perto as novidades da empresa no retorno presencial do seu maior evento anual para desenvolvedores, o Google I/O.
Além de acompanhar a keynote principal, onde vimos os maiores anúncios, também pude colocar as mãos nos novos aparelhos da família Pixel que foram lançados por lá: Google Pixel Fold, Pixel 7A e Pixel Tablet.
O foco da minha cobertura este ano foi apresentar os novos hardwares em vídeo para o canal Loop Infinito, mas como tive pouco tempo com os produtos, uma vez que a agenda foi tomada por mesas redondas nos prédios do Google espalhados por Mountain View, aproveito para colocar aqui “no papel” alguns pontos interessantes dos bastidores do evento.
O tema Inteligência Artificial ditou o tom das duas horas de keynote, capitaneada pelo CEO Sundar Pichai — e também transbordou nos espaços fechados para a imprensa nos corredores da firma de Larry Page.
Aqui destaco dois pontos altos: um painel exclusivo para jornalistas de fora dos EUA — com a presença de Sundar Pichai — e um 2:1 que tive com um colega brasileiro e Sameer Samat, vice-presidente responsável pelo Android.
Momento inédito com Sundar Pichai
No segundo dia de cobertura do evento, tivemos alguns encontros importantes. Um painel reuniu na mesma sala jornalistas de fora dos Estados Unidos com Sundar Pichai (CEO do Google), Thomas Kurian (CEO do Google Cloud), Elizabeth Reid (VP de Search) e James Manyika (SVP do Google).
A situação foi inédita no Google I/O e permitiu que fizéssemos perguntas diretas ao alto escalão da empresa durante cerca de uma hora.
Como era esperado, Inteligência Artificial foi o tema central e, entre um elogio e outro para a forma como o Google preza pela responsabilidade no uso desse tipo de tecnologia, não faltaram questionamentos sobre os motivos do Bard não chegar a algumas regiões – incluindo Brasil e até mesmo territórios europeus de língua inglesa – uma vez que ele foi expandido para 180 países durante o I/O.
A resposta óbvia é a legislação, já que a barreira do idioma foi transpassada com o lançamento do Bard em coreano e japonês.
No entanto, Sundar foi cauteloso e se limitou a dizer que isso se dá a uma combinação de fatores, incluindo a responsabilidade e qualidade da informação promovida pelo serviço, além da adequação à regulamentação de cada região.
“À medida que continuamos a desenvolver o Bard de forma responsável, estamos gradualmente expandindo seu acesso a mais países e regiões em inglês. Continuaremos a implementá-lo em outros países, regiões e idiomas ao longo do tempo”, foi a fala oficial sobre o assunto.
Vale lembrar que, recentemente, a Itália baniu o ChatGPT por não respeitar a legislação sobre privacidade de usuários.
Infelizmente não tive tempo hábil para perguntar o que o CEO tinha a dizer sobre o PL 2630 (conhecido como PL das Fake News) no Brasil — e duvido muito que ele teria uma resposta satisfatória — contudo, durante o evento, o Google Brasil emitiu um comunicado se desvencilhando do Telegram, que perdeu um pouco a noção na abordagem contra o projeto de lei nacional.
Android no Brasil
Já durante o papo com Sameer Samat, VP do Android, consegui fugir um pouco do tema central do evento e ouvir mais sobre sua visão de produto e até mesmo falar especificamente sobre o mercado brasileiro.
Ele teceu elogios à Samsung, destacando seu trabalho com o Galaxy Z Fold, mas aproveitei para perguntar quando ele acha que teremos um recurso como o Samsung DeX – que permite conectar o celular a uma tela externa para usá-lo como um computador – disponibilizado de maneira mais massiva por outras OEMs e até mesmo na linha Pixel.
A resposta foi evasiva, mas reforçou um dos anúncios do I/O, que é a possibilidade de realizar streaming de aplicativos do Chromebook para dispositivos Pixel e alguns Xiaomi por meio do Phone Hub.
No entanto, a parte mais curiosa do papo foi quando nosso tempo terminou, mas acabei “virando a entrevistada”. Sameer quis saber detalhes sobre o mercado Android no Brasil e como os consumidores enxergam flagships de marcas como Samsung e Xiaomi no nosso cenário econômico.
Foi um papo muito leve e interessante, mais ainda por saber que ele é a favor da vinda dos hardwares do Google para o nosso país. Uma pena que quem toma essa decisão é outra divisão.
AI AI AI AI
O Google fez questão de reforçar que já trabalha com Inteligência Artificial há sete anos, mas que agora é hora de investir no próximo (?) passo: IA generativa.
A repetição do termo AI por 143 vezes durante a principal keynote — de acordo com o CNET — reforçou que a empresa quer mostrar ao público que já estava carpindo antes do ChatGPT e não que chegou atrasada na festa da AI.
Alguns podem até dizer que a big tech pesou a mão e a repetição pode ter soado como um grito desesperado, mas fato é que as pessoas realmente já usam IA na sua rotina há um bom tempo, só que a grande massa nunca se importou com isso ou sequer se deu conta. Agora, dá-lhe marketing.
Sobre o futuro e os perigos do avanço dessa tecnologia, nada foi dito além de “TEMOS RESPONSABILIDADE”, mas também “TEMOS OUSADIA”.
Ainda tenho muito a falar sobre o que vi por lá em relação ao futuro do Google Search e os desafios para os publishers, mas acho que fica para um próximo texto (ou não).